quinta-feira, 6 de outubro de 2011

.conferência ou como evitar um dilúvio. recife.














imagens da apresentação da performance no spa das artes, em recife, no dia 18 de setembro de 2011, no Parque dona Lindu.







fala quem tem esperança, e vice-versa.

(Ludwig Wittgenstein)







fotos: Elizabeth Leal

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

.conferência ou como evitar um dilúvio.








programa:

de pé, diante de um púlpito e de um microfone apoiado em um pedestal, a performer, depois de um dia passado em jejum e silêncio, inicia uma conferencia a respeito do tema: “interstícios entre voz e palavra, o discurso verbal como a fala de um Outro, a expressividade e suas armadilhas”. Ao seu lado, estão enfileiradas 18 garrafas de dois litros de água. Enquanto fala, a performer vai enchendo e engolindo copos de água: a cada copo esvaziado, ela deve encher um novo; cada garrafa vazia deve ser substituída por uma nova. Enquanto durar a conferencia, a performer não pode parar seja de falar, seja de beber água – deve intercalar as duas ações interrompendo-as o mínimo possível. A cada vez que a performer deixar extravasar quaisquer espécies de fluidos do seu corpo, através de vômito, fezes, saliva, urina, choro ou suor, deve bater sua cabeça sobre a mesa. A performance termina no momento em que a performer se mostrar incapaz seja de beber água, seja de continuar seu discurso.





durante a apresentação, no x festival de apartamento, em barão geraldo, campinas, o trabalho teve diversas interferências do público. um espectador invadiu o espaço para dar um beijo na performer. outros, para levar embora as garrafas cheias para impedir que ela as tomasse. outros ainda para trazer as garrafas de volta para que ela pudesse continuar. durante o trabalho, a performer vomitou continuamente e ingeriu mais de 15 litros de água.



"os animais morrem sem ter pronunciado uma única palavra."


(tânia pescarini)




segunda-feira, 18 de julho de 2011

.soberba e penitência ou os sapatos vermelhos. (2)



Cada ação escolhida, um gesto de soberba; cada conseqüência, uma possível penitência. Pode-se levar um golpe dolorido de um salto alto ao tentar proteger uma dançarina cega. Pode-se escolher olhar de longe e levar um empurrão súbito. Do jogo entre soberba e penitência, cria-se o campo da ação na práxis, o campo da relação, o campo do possível.








A performance, realizada pela primeira vez no festival de apartamento, foi revisitada no dia 11 de junho, durante o Performa Paço, com curadoria de Lucio Agra. fotos: Bruno Makla e Marco Biglia.

http://www.youtube.com/watch?v=HQ-u6cwr2RM&feature=channel_video_title

domingo, 10 de julho de 2011

arquivos silenciados. luz, gilhotina.











stills de experimentos cênico-performáticos realizados no segundo semestre de 2009, durante o processo de montagem do espetáculo kastelo, do teatro da vertigem, no sesc paulista. fotos: nelson kao.

da performance e seus clichês. prazer, dor, mentira.










fumando um charuto, de pé, tendo entre os sapatos vermelhos uma lâmpada de tamanho desproporcional, a performer abre uma navalha e coloca-a entre as pernas, sob o vestido, simulando uma auto-mutilação. enquanto isso, pressiona um pequeno frasco de sangue falso, oculto em sua roupa íntima, e deixa que o líquido lhe escorra pelas pernas, enquanto seu rosto evoca um misto de prazer e dor. em seguida, com o rosto impassível, ela revela o frasco, pingando o líquido vermelho em outras partes do seu corpo e sobre a lâmpada. em silêncio, aciona um gravador, que solta sons de gemidos. deixa o espaço.

experimento performático apresentado em novembro de 2009, durante o processo de pesquisa e levantamento de material para o espetáculo Kastelo, do Teatro da Vertigem, em cartaz em fevereiro de 2010 no Sesc Paulista. fotos: Nelson Kao.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

.degredo ou porque nunca aprendi a falar.



Performance realizada durante o encontro V.E.R., em Terra Una - MG, do dia 23 ao dia 29 de janeiro de 2011. Possuidora de uma deficiência auditiva de nascença, a performer se submeteu a seis dias de surdez completa voluntária, com o auxílio de tampões de ouvido. Durante esse período, manteve-se em silêncio absoluto, evitando sempre que possível quaisquer formas de comunicação verbal, tais como ler ou escrever. Durante todo esse período, ela mantinha-se próxima ao grupo e participava de todas as atividades do encontro, até mesmo das palestras e vivências No sétimo dia, após retirar os tampões, dirigiu-se a um local ao ar livre onde se manteve de pé, imóvel, durante o dia todo, falando ininterruptamente durante o máximo de tempo possível, enunciando fluxos de pensamentos desordenados, não previstos previamente. Aqueles que desejassem poderiam visitar o local e conversar com a artista: enquanto os outros falavam, era-lhe permitido parar de falar, porém o fluxo discursivo no local deveria manter-se ininterrupto, sendo retomado assim que possível. Nesse dia, em momento algum a performer poderia prescindir do uso da linguagem verbal. Durante a realização do trabalho, a performer sentiu necessidade de acrescentar um novo momento ao trabalho, entitulado confissão: no sexto dia, na noite anterior ao dia em que voltaria a falar, a performer sentou-se numa cadeira, apos o jantar do grupo, no espaço de convivência em que todos conversavam e tomavam café, e, ainda de ouvidos tampados, retomou o uso da voz pela primeira vez, sem ainda fazer uso da palavra, explorando a debilidade da voz apos um período longo de silêncio, a sensação de fazer explorações vocais sem a referencia auditiva, explorando tão somente a ressonância interna da voz no corpo.


fotos: Julio Callado



.soberba e penitência ou os sapatos vermelhos.


com os olhos cobertos por tapa-olhos e sapatos vermelhos de salto apertados, a performer dança até chegar a seu ponto máximo de exaustão física. a cada vez que cai no chão ou por qualquer outro motivo faz uma pausa brusca, ela tem no máximo trinta segundos, contados nos dedos, à vista do público, para se levantar e recomeçar a dançar.

Apresentada no IX Festival de Apartamento, em Barão Geraldo, Campinas – SP, no dia 11 de dezembro de 2010.